Mudanças Climáticas: Furacão Matthew
Na Segunda Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento – Rio 92 - foram elaborados importantes tratados, entre eles, a Convenção sobre Mudanças Climáticas, uma estrutura de cooperação internacional para combate das alterações climáticas e os inevitáveis impactos advindos do aumento da temperatura global. A Conferência das Partes (COP) é o Órgão Supremo da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC). A primeira Conferência das Partes (COP 1) ocorreu em Berlim – Alemanha, em 1995, onde iniciou-se o processo de negociação para o controle dos Gases do Efeito Estufa – GEE. Em 1997, com o reconhecimento de que os países desenvolvidos seriam os principais responsáveis pelos altos níveis de poluentes existentes na atmosfera, resultantes de mais de 150 anos de atividades industriais, foi proposto o Protocolo de Kyoto, onde estes países assumiriam o compromisso de redução de suas emissões em 5% dos níveis levantandos em 1990, mas as discussões sobre os detalhes de sua implentação perduraram até 2001, permitindo o início de sua vigência somente em 2005. Durante a COP 19 em Varsóvia – Polônia, em 2013, enquanto persistiam as discussões a cerca dos impactos econômicos que poderiam ocorrer pela necessidade de minimização das emissões dos GEE, o Tufão Haiyan passou pelo Vietnã e Filipinas provocando milhares de mortes e destruições. No Vietnã mais de 600mil pessoas foram evacuadas.
Com a instituição de diversos mecanismos em torno da monetização e contabilização das emissões de GEE já havia necessidade substituição do Protocolo de Kyoto, e em 2015, durante a COP 21 em Paris foi ratificado novo documento, no qual um dos objetivos é manter o aquecimento global abaixo de 2°C até 2100. A redação final do documento cita que os países desenvolvidos investirão 100 bilhões de dólares por ano no controle da mudança climática e incentivos a países em desenvolvimento. Segundo o chefe da ONU - “O Acordo de Paris prepara o terreno para o progresso na erradicação da pobreza, no fortalecimento da paz e na garantia de uma vida de dignidade e oportunidade para todos”. O Acordo de Paris tinha prazo até 2020 para entrar em vigor, mas poderá se tornar lei internacional em 7 de novembro de 2016, uma vez que, no dia 5 de outubro, Patrícia Espinosa responsável por assuntos climáticos (ONU), informou que o Acordo foi ratificado por 72 países, que conjuntamente, são responsáveis por aproximadamente 57 % das emissões dos GEE. Praticamente, na mesma data, precisamente no dia 4 de outubro o Furacão Matthew atingiu o Haiti, República Dominicana e Cuba provocando destruições e óbitos. No dia 6 os EUA ordenou a evacuação de milhões de pessoas, sendo que, outros milhões de cidadãos ficaram em alerta máximo. Lamentavelmente países que pouco contribuem com os GEE têm graves problemas associados ao Aquecimento Global, como é o caso do Haiti. A fatura das ações antrópicas, especialmente dos grandes grupos econômicos, são pagas com as vidas das populações mais vulneráveis, que não possuem infraestrutura, recursos financeiros, profissionais capacitados, ou mesmo tecnologia, para atenuar as consequências associadas às mudanças climáticas.
Em 2017, é confirmada a retirada formal dos EUA do Acordo de Paris, que apesar de levar três anos para se efetivar pelas regras do acordo, já representa uma ameaça aos objetivos da COP, uma vez que o EUA é o maior doador do Fundo Verde do Clima que financiará os investimentos necessários para a redução das emissões. E ainda, pela sua influência política diversos países poderão deixar de tratar como prioridade as questões sobre o clima, mesmo mantendo-se formalmente no Acordo.
Apesar do risco, a meta de conter o aquecimento ainda não pode descartada, pois tecnologias para o uso de fontes renováveis tornam-se cada vez mais acessíveis e países como a China e a Índia apostam fortemente nelas.
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