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Inseticidas – degradações ambientais e agressões à saúde.

A criação dos agrotóxicos iniciou-se com as pesquisa sobre armas químicas, utilizadas na Primeira Guerra Mundial. O paration foi utilizado como princípio ativo no gás dos nervos que pode matar um homem em pouco tempo, mas também foi largamente, utilizada no combate de larvas de besouros, considerada praga na agricultura. A diferença entre o veneno mortal e o agrotóxico pode estar apenas na dosagem.


O diclorodifeniltricloroetano (DDT) foi lançado em 1944, durante a Segunda Guerra Mundial, no combate aos piolhos, artrópodes transmissores de tifo exantemático. A eficiência do inseticida no combate as pragas favoreceu a sua aplicação nas plantações de todo o mundo. A mesma foi estendida ao combate da fêmea do mosquito-prego - Anopheles sp., transmissor da malária, doença parasitária que ainda mata cerca de 500 mil pessoas todos os anos no planeta.


Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU) substâncias químicas nocivas, entre elas, os agrotóxicos estão associadas ao óbito de aproximadamente 193 mil pessoas por ano no Planeta. Atualmente, muitos países proíbem a utilização. O uso exagerado de pesticidas e fertilizantes nas plantações é uns dos principais fatores de poluição do solo, subsolo e água.


A síntese de DDT em 1939, premiou seu autor, o químico suíço Paul H. Müller (1899-1965) com o Nobel da Fisiologia e Medicina de 1948. Naquela época pensou que todos os problemas com insetos estavam resolvidos. Os inseticidas passaram a ser usados indiscriminadamente.


No campo é bem conhecido o caso de contaminação dos cidadãos por agrotóxicos, envolvendo um complexo sistema de interações químicas e sociais.


Na região 'Cidades dos Meninos', no município de Duque de Caxias – RJ, ocorreu em 1954, o fechamento de uma fábrica do Ministério da Saúde com aproximadamente 700 toneladas de resíduos da produção de HCH (Hexaclorociclohexano de grau técnico) utilizados em campanha contra a malária. Os resíduos foram encontrados na biota local, inclusive nos moradores em níveis elevados.


Estudo ecológico encontrou correlação entre o plantio de soja e milho e mortalidade por câncer de próstata. No Brasil, a soja está entre as monoculturas que mais utilizam agrotóxicos.


O programa para Pesquisas em Doenças Tropicais da Organização Mundial de Saúde, nas últimas décadas, fomentou e apoiou estudos de desenvolvimento de metodologias de controle de vetores que sejam mais seguras que os pesticidas químicos. Produtos como organoclorados, organofosforados, carbamatos, piretróides, não devem ser usados nos criadouros de mosquitos, pois contaminariam as águas superficiais, com riscos de contaminação das águas subterrâneas. O controle químico de mosquitos tem sido em geral associado a problemas como agressão ao ambiente, agressão à saúde da população e desenvolvimento de resistência.


Em uma população de vetores expostos a inseticidas, sobrevivem os naturalmente resistentes, que transferem essa capacidade a seus descendentes; outra maneira de sobrevivência é a comportamental, que seleciona mosquitos com aptidão para evitar total ou parcialmente o contato com o inseticida.


A seleção de mosquitos resistentes não deve apenas ser creditada à aplicação de inseticidas; existem evidências que mostram a relação entre a aplicação de inseticidas agrícolas e o surgimento de resistência em vetores. Cerca de 90% dos inseticidas químicos produzidos no planeta têm finalidades agrícolas, contaminando os elementos abióticos e bióticos dos ecossistemas.


Veja ao vídeo: Agrotóxico - DDT - Primavera Silenciosa.




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